Olhando no espelho eu vejo a face da decepção, mais um ser humano que lutou por uma vida e não conseguiu mudar a sua realidade;
olhando no espelho eu vejo mais um sobrevivente das sociedades capitalista que por ganacia esqueceram dos pobres filhos que choram por pão;
olhando no espelho eu vejo mais um guerreiro, que luta para preservar o resto da insiguinificante dignidade que guarda em seu peito, como se fosse o seu bem mais precioso, como se fosse seu próprio coração;
olhando no espelho eu vejo mais um cansado, de trabalhar e encher o bolso dos burgueses que vivem no conforto de seus iates e castelos luxuosos as custas da nossa ingenuidade, e do suor que corre no rosto dos pais de familhas que chegam em casa cansados, e tem que enxugar, com suas mãos asperas pelo trabalho duro, o rosto de seus filhos que choram por um pedaço de carne.
olhando no espelho eu vejo mais um desacreditado, que ora toda noite para que o resta da esperança, de ver um dia quem sabe um mundo feito rosas sem espinhos e algodão doce, não se apague como a chama de uma vela que ilumina a noite de quem não tem oportunidade de ver a luz que sai dos fios;
olhando no espelho eu vejo um afortunado por ter tido oportunidades, mas que as vezes se pega chorando por ver crianças no sinal e os donos dessa terra sentado nas calçadas da cidade vendendo arte de vime, que antes era feita para passar seu tempo, pois ainda não tínhamos chegados para tomar o seu paraíso;
olhando no espelho eu vejo apenas o meu reflexo, mas o mesmo espelho que me reflete me mostra o mundo que eu vivo. O espelho não cria imagens, e nem mostra oportunidades, não tira defeitos ou embeleza o que é feio, não esconde a realidade, o espelho não mostra o que é ruim, isso só depende quem se reflete.
